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Evangelho do Reino

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A expressão “evangelho do reino” é encontrada com freqüência nos evangelhos e no livro de Atos e se referia à pregação de Jesus e dos apóstolos (Mt 4.17; 4.23; 9.35; 24.14; Lc 4.43; 8.1; 16.16; At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23). A importância de sublinhar esta expressão em nossos dias se deve ao fato de que a pregação do evangelho tornou-se, em larga escala, destituída de alguns elementos que eram fundamentais na pregação primeira.
Ainda que a pregação do evangelho contenha muitos ingredientes verdadeiros, tais como a pessoa de Cristo, sua graça salvadora, sua morte expiatória e o seu perdão, a falta dos elementos citados no parágrafo anterior, será decisiva no que se refere à limitação na qualidade do fruto produzido. Tal falta, faz do evangelho um meio evangelho que foi designado por alguns irmãos (na Argentina?) como “evangelho das ofertas”, e por Dietrich Bonhoeffer como “pregação da graça barata”, que segundo ele, é aceita por uma fé barata e produz cristãos baratos.

Ingredientes referidos
Que ingredientes são estes dos quais falamos? Não vamos detalhar aqui aqueles ingredientes que em geral não em geral não estão faltando e que já mencionamos acima. Aqueles que expressam o favor de Deus na pessoa de Cristo, mas sim aqueles elementos que, se faltarem, retiram do evangelho a contundência e a característica de ser evangelho DO REINO.

a) Quanto à pessoa de Cristo. Não bastam anunciar de Cristo, apenas seu amor, seu poder e sua morte vicária. É necessário apresentá-lo como um todo. Devemos incluir:

1. Sua encarnação (Jo 1.1-3,14): a encarnação de Cristo é a revelação do seu esvaziamento. È necessário que aqueles que ouvem saibam que ele é Deus encarnado. O anúncio da encarnação do Verbo vai ajudar as pessoas a entenderem que para que ele fosse homem perfeito diante de Deus, tinha que se esvaziar, se humilhar, ser servo e ser obediente em tudo. A atitude dele foi oposta à atitude de toda a raça humana, e a proclamação deste fato vai colocar as bases para o que se seguirá na pregação do evangelho.
2. Sua vida de completa obediência (1Pe 2.22). Não apenas não podia pecar, mas não podia fazer sua vontade em nenhuma situação, nem mesmo para fazer o bem e pregar.
3. Sua ressurreição. Estava presente em todas as pregações apostólicas (At 2.24-32; 3.26; 4.10; 5.30; 10.40-41; 13.30-37; 17.3, 31; 22.8; 25.19; 26.15,23; 1Co 15.5-8)
4. Sua exaltação. É a consumação do anúncio de Cristo. É o que leva os pecadores a compreenderem que ele é o Senhor e o Rei do universo.

b) Quanto ao conceito bíblico de pecado e de arrependimento.

1. O conceito comum de pecado está relacionado a pecados grosseiros e o conceito teológico é de que o pecado é a desobediência. É necessário ir mais a fundo e aclarar o problema da atitude interior de independência.
2. O conceito de arrependimento está sempre relacionado a erros e pecados cometidos. Mas biblicamente o que se requer é mais que isto. É necessário que haja uma completa mudança de atitude interior. Jesus anunciava isto de maneira contundente. Veremos no próximo ponto.

c) A pregação do evangelho deve incluir as demandas que Jesus incluiu. Negar-se a si mesmo, tomar a cruz, perder a vida (Mc 8.34-36) e renunciar a tudo (Lc 14.33). Retirar estes ingredientes é o que faz o evangelho tornar-se barato e pouco eficaz na formação de verdadeiros discípulos de Jesus. A teologia evangélica tradicional deixou estes elementos de fora. É interessante notar que mesmo Watchman Nee os desconsiderou. Em seu ensino ele sempre e sem exceção os aplica para o já convertido, diferentemente do que fazia Jesus.

d) O que é necessário para que alguém entre no reino de Deus. A teologia tradicional diz que é unicamente pela fé, mas há muitos textos que colocam outras condições (Mt 7.13-14, 21; 11.28-29; Lc 13.22-28; Jo 12.24-26; At 2.38). Como ficam, então, os textos que anunciam a fé como suficiente? É simples, se entendermos que quando a bíblia fala de fé, se refere a muito mais que uma crença. Refere-se a uma confiança que crê em tudo que Deus falou e por isto se entrega plenamente a ele. O outro tipo de fé é aquele que Tiago chama de morta.

e) A conversão requer bem mais do que o comum “aceitar a Cristo como seu Salvador”. Requer uma entrega, um esvaziamento e uma morte. Requer que o pecador entenda que o humilde Jesus de Nazaré é o Senhor dos céus e da terra (Rm 10.9). E que venha a ele contrito e humilhado, crendo que pelo seu favor e graça Ele nos aceita. A consagração não começa depois da conversão. A conversão inclui a consagração e sem esta será morta.

f) É conveniente incluir aqui, que a pregação do senhorio de Cristo será até mesmo danosa e quase letal, se for apresentada como uma opção para o já convertido. Ao fazer isto estaremos dizendo que há uma conversão e uma salvação para aquele que quer continuar independente de Deus e vivendo como dono de sua vida. Neste caso estaremos cooperando para que alguns permaneçam no engano (Mt 7.21-23)

A PREGAÇÃO e a APLICAÇÃO do Evangelho
Tanto quanto entender o conteúdo do evangelho do reino, devemos entender também como Jesus o trazia, pois mais do que esclarecer, devemos aplicar às vidas daqueles que ouvem. Devemos faze-lo com coragem e fé, sabendo que o evangelho que anunciamos é poderoso e que o Espírito Santo é que dá respaldo ao senhorio de Cristo Jesus, levando os homens a amá-lo e se renderem plenamente a ele.

1. Jesus anunciando: Lc 14.25-33
2. Jesus aplicando: Lc 9.57-62; Mc 10.17-22; Mt 4.18-22
3. Quando Jesus pregava, ele era genérico. Estava anunciando as condições. Não falava com ninguém especificamente. “Quem quiser..”, “Se alguém..”, etc.
4. Quando ele aplicava, dava ordens claras e especificava a condição para cada um. Dizia: “vinde após mim”, “segue-me”, “Vai, vende tudo o que tens”, “deixa os mortos. Tu, porém, vai e prega”, ninguém que tendo posto a mão no arado..”, etc.

Se apenas anunciarmos e explicarmos o evangelho do reino, temendo aplicá-lo como Jesus o fez, poderemos ter muitas frustrações, mas se Cremos que Jesus é amado, desejável, a alegria dos homens e o manifesto poder de Deus para aquele que crê, devemos anunciar o evangelho com todas as suas demandas, crendo que o Espírito Santo levará os homens a renunciarem a si mesmos e se renderem a ele.

Marcos Moraes

1 COMMENT

  1. “A teologia tradicional diz que é unicamente pela fé, mas há muitos textos que colocam outras condições (Mt 7.13-14, 21; 11.28-29; Lc 13.22-28; Jo 12.24-26; At 2.38).”

    Quando fala que é somente pela fé não está dizendo que é somente acreditar em Jesus e não fazer a vontade de Deus.

    O que é fé? Fé não é apenas dizer que acredita. O texto de Tiago 2.14-26 diz que a fé sem obras é morta. E o que quer dizer isso? Que a característica de uma fé genuína é aquela que precede as obras.

    A fé é presente de Deus: Efésios 2.8-10: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Ou seja, a fé genuína é dom de Deus e precede as boas obras. Dizer que tem fé em Jesus e não o obedece não tem fé.

    Ter fé em Deus é confiar em Deus e na sua Palavra.

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